O dólar teve uma valorização expressiva nos últimos meses, despertando a atenção de investidores que não estavam preparados para esses ganhos. Ainda há oportunidade? Confira a opinião de especialistas. O real lidera como a moeda mais desvalorizada do ano em comparação com as 20 divisas mais negociadas globalmente. Até 17 de Dezembro, a queda em relação ao dólar ultrapassou 21%. Isso, por outro lado, reflete que aplicações em dólar acumulam não só a alta do ativo, mas também o ganho proporcionado pela própria moeda.
Por exemplo, até novembro, as ações americanas do índice S&P 500
apresentaram um retorno acumulado de 48% no ano, considerando tanto a
valorização dos papéis quanto do dólar. Segundo Paula Zogbi, gerente de pesquisas da
Nomad, “câmbio é uma das variáveis mais imprevisíveis da economia, com alta
volatilidade no curto e médios prazos, além de ser influenciado por fatores
domésticos e internacionais. Assim, não é recomendável tentar prever o melhor
momento para realizar remessas ou investir em dólar”.
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Rodrigo Sgavioli, responsável por alocação no
XP, aconselha uma análise retrospectiva ao decidir se é a hora certa de
investir na moeda americana. “Em fevereiro deste ano, o dólar variava entre R$
4,90 e R$ 5,00, e muitos questionavam: ‘devo esperar baixar novamente?’ Não baixou
desde então”, comenta Sgavioli. Em 2024, a valorização do dólar foi um fator
relevante para o sucesso de investimentos internacionais. Fundos focados em
ações de bolsas americanas ou BDRs tiveram os melhores desempenhos, com o
retorno combinado do S&P 500 e do dólar alcançando 48,6% até novembro.
Contudo, essa dinâmica não é constante. Em 2016, por exemplo, o dólar
desvalorizou 17,8% frente ao real, reduzindo os rendimentos de ativos
internacionais. Naquele ano, os 9,54% de ganhos do S&P 500 se traduziram em
uma perda de 8,26% quando convertidos para reais.
Os EUA representam a principal tese de investimento para 2025
Com a vitória de Donald Trump nas eleições
presidenciais, 2025 é vista como um ano promissor para investimentos na
economia norte-americana. Políticas voltadas à desregulamentação, cortes
fiscais, reindustrialização e foco em Commodities prometem impulsionar setores
variados. Gestores de multimercados macro estão fortemente posicionados no
S&P 500, conforme levantamento da XP, com atenção para setores como
energia, óleo e gás, indústria, bancos e saúde, ampliando o foco além das
empresas de tecnologia e inteligência artificial que dominaram os ganhos de
2024, com alta de 27%.
Apesar do otimismo, analistas ainda ponderam riscos, especialmente devido
à incerteza sobre como Trump conduzirá temas sensíveis como tarifas e
imigração, medidas que podem pressionar a inflação e exigir respostas do
Federal Reserve (Fed). Nesta semana, o Fed reduziu a taxa de juros em 0,25
ponto percentual, situando-a entre 4,25% e 4,50%, mas destacou sua preocupação
com a inflação, adicionando incerteza ao panorama global.
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Ainda assim, o consenso para o mercado de ações dos EUA permanece favorável. Especialistas como um professor da FIA consideram Trump pragmático e argumentam que a economia norte-americana, em bom estado, não seria sacrificada por medidas radicais. “Ele não tomará ações que prejudiquem o país e avaliará cuidadosamente antes de adotar medidas extremas”, conclui, reforçando uma perspectiva otimista para o mercado de ações.